Fui ao estádio como de costume. Num final de semana quente, casa lotada. Estava tudo caminhando como de rotina, até que antes do apito inicial, via-se grande parte dos jogadores levantando as mãos e a cabeça ao céu. Fato curioso. Estariam rezando para vencer a partida? Para fazer um gol? Ou simplesmente para não se machucar? Enfim, se a resposta for uma das duas primeiras alternativas citadas, Deus torce por algum time. Como se sabe, Deus é brasileiro, mas no campeonato paulista, por exemplo, Ele torce por qual time? Fim do jogo. 1x0. Chegando em casa, fui assistir ao canal esportivo, no qual passava a entrevista com os jogadores de ambos os times. O primeiro entrevistado foi aquele atacante artilheiro que fez o gol. Não! Não foi ele quem fez o gol, foi Jesus! Em seguida, o goleiro, que defendeu o pênalti do mesmo artilheiro, deu seu depoimento. Não! Não foi ele quem defendeu o gol, foi Jesus! E agora? Jesus torce pra qual time? Eu acho que ele torce pelos dois e tenta fazer justiça jogando por ambos os lados. Mas que cansaço que deve ser para Ele jogar pelas duas equipes!
O atacante que fez o gol diz que foi Jesus. Mas e o goleiro que estava contando com a ajuda Dele para defender nessa mesma hora, faz o que? Manda Jesus pra aquele lugar? Se Jesus não pegou aquele gol foi porque a bola passou pelo furinho da mão.
Atualmente, os jogadores brasileiros em geral estão com uma mania muito desagradável de que tudo é Jesus, tudo é Deus. Se fizer gol, olha pro céu.
É como se Jesus tivesse um lado. Deixem Jesus em paz!
A FIFA proíbe mensagens religiosas nos jogos de futebol, porém, os brasileiros em geral tolerantes, ecumênicos, sincretistas e dando aquele famoso “jeitinho”, já se acostumaram com essa mistura
Definitivamente, não há espaço para a religião no futebol. Mas eu prometo que quando eu me encontrar com O Cara lá em cima, vou perguntar pra qual time Ele torce!
Essa crônica se refere à matéria da Revista Época de